"As estátuas de Olimpia, que tanto contribuem
para nos ligar à Grécia,
alimentam contudo também,
no estado em que chegaram até nós
-esbranquiçadas, quebradas, isoladas da obra integral-,
um mito fraudulento da Grécia,
não sabem resistir ao tempo como um manuscrito,
mesmo incompleto, rasgado, quase ilegível.
O texto de Heráclito lança-nos clarões
como nenhuma estátua em pedaços pode fazer,
porque o significado é nele deposto
de maneira diferente,
é concentrado de forma diferente
do que está concentrado nelas,
e porque nada iguala a ductilidade da palavra.
Enfim, a linguagem diz,
e as vozes da pintura, da escultura,
são as vozes do silêncio."
MAURICE MERLEAU-PONTY (1908-1961)
Filósofo fenomenologista francês - em Signos
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