domingo, 9 de janeiro de 2011


A água tudo lava

Água com água, nem suja nem lava.

Água de morro abaixo, fogo de morro acima,
e mulher quando quer dar,
nem Deus há de segurar.

Água gelada e pão quente,
bem na boca,
mal no ventre.

Água mole em pedra dura,
tanto bate até que fura.

Água ruim, peixe ruim.

Água salobra na terra seca é doce.

Água silenciosa é a mais perigosa.

Água vertida não pode ser recolhida.

Águas paradas não movem moinho.

A quem é de vida, água é medicina.

As águas correm para o mar.

Até lá, muita água passará por baixo da ponte.

Com água e com sol, Deus ainda cria.

Em águas turvas se apanha o bagre.

Em panela vigiada, a água não ferve.

Mais vale água do céu que boa rega.

Não se fia em água que não corre
e gato que não mia.

Não turves a água que terás de beber.

Nunca diga desta água não beberei.

O que a água dá, a água o levará.

Queimada a casa se corre com a água.

Quem está são água o cura.

Quem na água não entrar
não arrisca se afogar.

Quem quer água limpa busca na fonte.

Quem vai na frente bebe água limpa.

Sapo que salta, água não falta.

CIÇA ALVES PINTO,  escritora brasileira, paulista, morou no
Rio de Janeiro, em Paris, e em Nova York, e reside atualmente em
São Paulo. Publicou diariamente suas histórias em quadrinhos
no Jornal do Brasil e Folha de São Paulo.
É casada com o artísta plástico Zélio Alves Pinto.

Em o livro dos Provérbios, Ditados, Ditos Populares e Anexins.
5ª Edição 2009, Editora SENAC, São Paulo

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