"Me mandam flores.
Uma das curiosidades da minha vida.
Sempre me mandam flores.
Essas rosas, aí há três dias,
vieram botões, abriram,
já estão se despedindo.
'Rose, elle a vécu ce que vivent les roses,
l'espace d'un matin.'
Uma amiga me diz que aspirina
prolonga a vida dessas flores,
gentil desce até a farmácia,
volta,
enche de água um jarro
(as mulheres sempre descobrem
que a gente tem um jarro),
põe dentro dois comprimidos.
Fico olhando as flores e o gesto --
há um terno eterno feminino nessa
conjugação.
As folhas firmam um pouco seu verde
as pétalas se enrijecem ligeiramente,
ou é só impressão ?
Tudo é possível,
quando a alma não é pequena.
Estendo a mão espalmada significativamente,
recebo também dois comprimidos,
meio copo d'água,
engulo.
Amanhã desabrocho."
MILLOR
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