A transferência de informações pela linguagem
pertence à hereditariedade verbal, a qual
não é privilegio do homem.
Os pássaros jovens iniciam-se nos hábitos e na
linguagem da sua tribo, mesmo quando ainda
apenas são fetos dentro da casca.
É pela linguagem, aliada à visão, que eles aprendem
a descobrir as armadilhas, a assinalar o inimigo,
ou a localizar uma cerejeira carregada de frutos.
Existem também dialétos de animais:
individuos da mesma espécie, mas não habitando
no mesmo país, não falam a mesma lingua.
Um papagaio da Africa não compreende a linguagem
de um papagaio americano !!
O fato foi posto em evidência pela gravação do grito
de alarme dos corvos que em certos aeroportos
se emite para afugentar esses pássaros,
afim de se evitar que eles prejudiquem o vôo dos jatos.
O processo é eficaz no país onde foi feita a gravação
e os corvos fogem realmente, em pânico.
Pelo contrário, em outras regiões, o grito de alarme
não tem qualquer significado, e os corvos
em nada se sentem afetados ao ouví-lo.
"Só os seres humanos têm a faculdade de aprender
todas as línguas" diz o professor Roman Jakobson
(1896-1982).
As aquisições verbais dos animais são apenas de
segunda ordem, mas chegam para provar que essa
forma de hereditariedade existe em todos os níveis
e que ela é um patamar importante que permite
um novo progresso na evolução.
"É interessante", diz o Professor Charles Louis
L'Héritier de Brutelle (1746-1800), "observar o que
se torna a criança quando educada fora do contato
com os pais ou com outros membros da sociedade.
É o caso das crianças selvagens, ou crianças-lobos."
O professor Jakobson fez-se então eco de uma crença
que teve a sua origem nas Índias, onde se encontraram,
julga-se, crianças-lobos.
"Se estas crianças entram na sociedade humana,
aprendem a língua se têm menos de sete anos;
passada essa idade, perdem essa aptidão e
já não podem tornar-se homens.
Contudo, de início, sabe-se que elas têm todas
as possibilidades biológicas para se desenvolverem.
Robert Charroux (1909-1978) arqueólogo francês.
Le Livre des Mysterieux Inconnu pag 216
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